10/10/2012

Entrevista com Hilda Simões Lopes


Hilda Simões Lopes cresceu acompanhada das lembranças do primo João Simões Lopes Neto. A convivência com o passado de Simões fez aumentar a admiração e carinho fraterno que sente pelo escritor - que considera um dos maiores da literatura brasileira. Amanhã, dia 11/10, no auditório do Instituto que leva o nome do primo, a também escritora Hilda falará sobre o texto "O contrabandista", dando continuidade às comemorações dos 100 anos do livro "Contos Gauchescos". Hilda respondeu ontem a algumas perguntas da Assessoria de Imprensa do Instituto, sobre a palestra, a contribuição literária de Simões e o sentimento de ser familiar do precursor da literatura gaúcha.



1. Com qual perspectiva irás abordar o conto "O contrabandista"?

Farei uma abordagem histórica do contrabando no RS, uma abordagem antropológica do gaúcho à época de Jango Jorge e outra abordagem mítica sobre os signos presentes no conto; depois fecharei o foco através da estrutura e do texto de O Contrabandista de maneira a bem explicitar a maestria dessa criação de João Simões Lopes Neto 


2. Já publicaste algo relacionado a alguma obra de João Simões Lopes Neto?

Apenas artigos sobre sua biografia e análise de contos e lendas em alguns jornais e revistas.


3. Nos cursos que ministras, já utilizaste algum texto de "Contos Gauchescos"? Se sim, como se deu a receptividade - principalmente da linguagem característica do autor?

Sim, muito o uso. E me surpreendo porque há sempre muitos alunos que não o leram. Trabalho muito com O Boi Velho, com O Manantial e A Salamanca do Jarau; provoco os alunos a re-escrevê-los, alterando o foco narrativo, o que propicia excelente exercício literário.


4. Qual a tua opinião sobre a obra de Simões Lopes Neto? O que pensas sobre a forma que o autor retratou a cultura gaúcha?

Eu considero João Simões Lopes Neto um dos maiores escritores brasileiros. Pela excepcional linguagem – e pensar que ele escreve assim quando o comum era o texto engalanado -, e o conteúdo que, calcado na cultura e história dos gaúchos, é tão sensível e humano que se torna universal, mítico.


5. Como é ser prima do precursor do regionalismo no Rio Grande do Sul, escritor este que tanto orgulha os pelotenses?

Talvez por ter crescido na mesma casa de charqueada onde ele também cresceu, vendo e tocando suas marcas, lendo desde a infância as rimas de seu Cancioneiro Guasca e já na adolescência seus contos e lendas, sinto imenso carinho por sua pessoa, entendo-o, mesmo em seus fracassos, e não esgoto nunca a compreensão e o aprendizado de seus contos e lendas. Impressiona-me a dimensão de seu talento.

Entrevista: Eduarda Schneider Lemes
Fotografia: ccs.ufpel.edu.br
10.10.2012

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